sábado, 2 de outubro de 2010

Comme il faut

Véspera de eleição. Acordo tarde por ter atravessado a madrugada. Chico Buarque, fenomenologia, função parental, poesia libanesa, o Pequeno Príncipe, seriados ingleses. Conversas, sono, sonho e despertar. Um café, dois biscoitos, três minutos pra digerir isto tudo. Depois de ajeitar meu cantinho - varre poeira, recolhe traça, vasculha teias - resolvo assistir um filme, só pra descansar as idéias. Vasculho meus arquivos e ponho um Truffaut pra rodar. Bonito. Tristeza sem necessidades. Por isso, bonito. Findado o sublime, resolvo dar conta de toda a leitura atrasada que pilha e empilha sobre o chão de meu quarto. Começo a jornada. A edição de abril da Piauí, um artigo sobre a ontologia bergsoniana, algo do Merleau-Ponty sobre aprendizagem e comportamento, um conto do Lev Tolstói. Uma cerveja escura faz companhia a mim, mas não se demora em sua visita. Resolvo convidar sua prima, uma holandesa, para continuar a prosa, mas ela também insiste em não durar. Entretido com a vida do decente Ivan Ilitch, dou conta de mim como num lampejo. Compreensão profunda! Ligo o computador. Seleciono o usuário, cuja imagem de exibição é o vieux guitariste aveugle, do Picasso. Caio na área de trabalho, cujo papel de parede é um quadro pré-impressionista do William Turner. Entro no messenger e dou de cara com a mesma amável pessoinha com quem adoro compartilhar meus silêncios. E o ciclo parece se reiniciar. Conclusão: que pedante do caralho, eu sou!...

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