terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Porque os Pais In-comodam os Filhos...

"Eu acho que tenho certeza daquilo que eu quero agora
daquilo que mando embora
daquilo que me demora
eu acho que tenho certeza daquilo que me conforma
daquilo que quero entender
e não acomodar com o que incomoda..."
O Teatro Mágico - Criado-mudo
Conversas no Messenger são produtivas! Ao menos, em se tratando de posts, blogs e inutilidades afins [ainda pretendo escrever algo sobre a importância da inutilidade... podem cobrar...]. Assim sendo - novamente! - eu adio a grafia do texto sobre Ingênuos e Irônicos [e este podem me cobrar, mais severamente ainda!...]. A pessoa outra com quem eu conversava fez-me - mais uma vez! - ceder-me em inspirações e, assim sendo, resolvi escrever algo do algo que me arrebatou...
Como o tempo já está por demais avançado e ainda insiste em não durar, farei um esforço hercúleo para ser breve e objetivo, ao menos desta vez. Imaginemos aquela pessoa por quem nutrimos paixões. Sim! Esta mesma! Perdemo-nos em seus olhos, enrubescemos com seus sorrisos, sonhamos desejosos de seu hálito. Mesmo que, num momento de fria e neutra decisão, escolhamos ignorá-la ou - algo menos severo - tratá-la de maneira diferente da usual. Neste encontro - choque, atrito, esbarrão - não conseguimos agir. Apenas re-agimos! Somos in-comodados! In-cômodo enquanto arquitetura psíquica, modelo dado e invariante do pensar, re-presentação formal de uma existência singular. São in-cômodos os sistemas filosóficos, os métodos científicos, a religião cristalizada, a arte-técnica. In-cômodos, posto que são lugares-prisões, lugares-estabelecimento. In-comodar é, destarte, valorar! Tornar real o factum. É construir os demais a partir de meus próprios cômodos internos e - sabemos - pôr cômodos pra fora é sempre mais fácil que ser in-comodado. E é isso que os pais - Senhores da Tradição, Prezadores da Disciplina, Paladinos da Ordem - fazem! Eles nos criam, formam, modelam. In-comodam! E muito!!! E, além disso... Vejam só, escrever sobre tal conceito me causa prazer por demais, só que - pena - o horário não permite uma discussão mais acalourada. Que fiquem sozinhos com seus in-cômodos, agora! Examinem os quartos, arrastem os móveis, mudem de casa! Mas - ao menos - tomem uma posição quanto à isso... E in-comodem-se!...

3 comentários:

Felipe J. R. Vieira disse...

Olá, estou de volta a comentar, forçando-me a reconectar-me com a fonte lírica do devanear, não coloquei refletir para não gerar piadas futuras =p.
Se não me engano, já escutei coisa semelhante em conversas passadas, mas, novamente, isto não vem ao caso, ou seria ao acaso?
Peço para o senhor ter cuidado, muitas das pessoas do mundo não estão preparadas para mudar móveis de lugares, tão pouco se desfazer deles, seus cômodos estão sólidos, resistentes as mudanças, parados no tempo. Lembre-se, um vampiro só entra num cômodo que foi convidado.

Sei que meu comentário não está primoroso, mas sei que você tirará algo aproveitável dele!!!

Mairla disse...

ser incomodado é realemente muito chato, até porque tenta provocar uma mudança. e mudar dói.
em compensação é sempre preciso. se incomodar para não se acomodar. o cômodo da vida faz-nos ficar parados. parados no tempo. sem sairmos do lugar. fazer as mesmas coisas mesmas e nunca extrapolar os limites. é preciso inventar para ultrapassar limites. é preciso mudar.
mudar móveis de lugar é uma boa. mudar de caasa. de pessoas. de vida. nessa minha mudança (fisica de uma casa a outra) tive muitos achados. achei coisas muito antigas, meio que perdidas e esquecidas. me fez dar risadas. algumas lágrimas também, das saudades.
mas é bom. achar em meio aos moveis parados eternamente uma nova vida. temos que ser in-comodados para não ficarmos que nem móveis velhos e antigos de uma casa que não muda nunca. não se mexe. cria raizes num canta e só tem história pra contar das coisas que passaram por elas. e não que elas viveram.
quero ter histórias pra contar, sim. mas também não as ter. poder perde-las e esqueças. só pelo simples fato de não ficar na mesmice...

tava com saudade daqui, ein =)

Mairla disse...

http://clandestina-menina.blogspot.com/2009/01/de-tudo-que-sai-e-tem-que-sair_04.html


aqui o meu post que tati comentou e vc disse que não tinha lido! é muito, mas muito, tosco. hahaha
mas parece que tati gostou dele :P